Exame de vista em crianças - Optometria Pediátrica

O Exame de Vista em crianças é um procedimento extremamente necessário. Em qualquer idade, com certeza. Afinal, o ser humano desde que nasce, depende diretamente de sua visão para aprender de tudo que necessita para um desenvolvimento e progresso no seu aprendizado para as situações da vida. 

Países desenvolvidos estão cada vez mais voltados para a qualidade de visão da primeira infância. Isso porque pesquisas têm comprovado que essa fase é o momento-chave do desenvolvimento do ser humano para uma boa formação das capacidades cognitivas, motoras e emocionais, que irão se refletir na sua personalidade ao longo de toda a vida. Além de formar adultos mais capacitados a lidar com as diversas situações do cotidiano, dentro dessa premissa, voltar a atenção para a visão da criança é interessante mesmo do ponto de vista econômico.

Um estudo de muito interesse, para quem se dedica à cuidar de exames de visão em crianças, é o Desenvolvimento Cerebral Infantil. Muitas questões que envolvem o progresso da criança e a própria importância para um bom desempenho, se aprende com práticas como observar o rastejar, o engatinhar, a troca alternada dos membros ao se movimentar, o levantar para começar a andar, o próprio andar, enfim, todo o processo que envolve a maturação de um infante, se reveste do maior interesse, pois qualquer falha nesta etapa pode ocasionar alguma sequela no desenvolvimento. 

No caso da visão, o "Teste do Olhinho" é o primeiro a ser realizado, ainda na maternidade. 

* O teste do olhinho, também conhecido como Teste do Reflexo Vermelho, é um exame que normalmente deve ser oferecido pelas maternidades. Serve para diagnosticar precocemente doenças nos olhos e na visão no bebê, como catarata congênita, tumor (retinoblastoma) ou glaucoma. Bebês prematuros precisam de acompanhamento frequente, visto a imaturidade de suas estruturas as nascer. Também não menos importante será a nota do teste de Apgar que a criança obteve na maternidade. São subsídios para uma avaliação de qualidade.

Contudo, os exames de visão em crianças não devem nem podem ser negligenciados, pois a visão é o principal meio por onde o cérebro recebe informações. Esse sentido fornece em torno de 85% das informações que o cérebro necessita para que ocorra um desenvolvimento normal em uma criança. 

Considerando que, para aprender qualquer atividade, como para aprender a andar, falar, prestar atenção, ler e escrever e tudo o mais na vida, dependemos de um bom desenvolvimento cerebral, e a visão, sendo a maior fonte de informações para o cérebro, acaba por se tornar primordial para um bom progresso infantil. 

Infelizmente esta verdade geralmente é negligenciada pelos pais, pela sociedade, pelos educadores e autoridades. 
Justamente, porque, se a visão determina o progresso do desempenho cerebral, não se deveria ter muito mais cuidados com este sentido? Afinal, como saber se uma criança tem visão adequada? 

Só passando por exame de um especialista. O que não é muito fácil porque depende de treinamento especializado do profissional que avalia a visão e a saúde ocular desde o nascimento.

Assim como existe na medicina a Pediatria, também na Área da Saúde Visual, existem os especialistas, como o Oftalmologista Pediátrico e atualmente o Optometrista Pediátrico, Comportamental e Neuroptometrista. 

Sabemos que as grades dos cursos, tanto na Oftalmologia como na Optometria, abrangem a disciplina de atendimento em crianças ou pediátrica. Contudo, embora aa matérias sejam oferecidas, ela são apresentada de forma muito genérica, embora faça parte dos estudos. 

Na maioria dos cursos de formação em Saúde, são ministradas disciplinas que ensinam conhecimentos do desenvolvimento infantil, assim como nos Cursos de Optometria, a ementa contém estudos de embriologia, desenvolvimento ocular e técnicas para avaliação da visão em crianças de 0 até os 18 anos. 

Contudo, grande parte dos profissionais não gostam e muitos não atendem crianças, especialmente antes de serem alfabetizadas. Isto demostra que o preparo não é o suficiente para garantir confiança aos oculistas que sem uma especialização detalhada, preferem indicar o paciente para outro colega, provavelmente pelo despreparo e pela própria dificuldade de abordagem para um diagnóstico seguro e uma indicação correta de lentes que não causem mais transtorno do que benefício com o uso da correção óptica. 

Na psicologia infantil, são observados vários comportamentos, que são repetitivos nas crianças em algumas faixas etárias. Quando o profissional tem formação especializada, é possível adequar técnicas personalizadas, obedecendo as demandas de cada idade ao comportamento e necessidades que cada indivíduo avaliado apresenta. 
Na verdade é realmente complicado atender criança sem um conhecimento adequado. Alguns requisitos são obrigatórios. Além de estudo em desenvolvimento infantil, o profissional precisa entender de todas as etapas do desenvolvimento e crescimento corporal, com ênfase no cérebro e olhos, estruturas que se desenvolvem de maneira paralela muito antes das demais partes do corpo. 

Todas as etapas requerem conhecimentos específicos, instrumentos adequados, espaço para a prática e muita sensibilidade no trato com os pais e com as crianças. Também muita paciência e técnicas especializadas são obrigatórias para o sucesso nesta especialidade. Inclusive será útil, ou mesmo imprescindível, o uso de planilhas com todos os procedimentos preconizados em Cursos de Especialização em Optometria Pediátrica, que normalmente são ministrados com 6 meses a um ano de duração em faculdades de Optometria, além de Cursos de especialização e Pós Graduações que são oferecidas por universidades, abrangendo várias disciplinas específicas, como ambliopia, estrabismo, síndromes etc.

No atendimento, deve ficar claro para os pais que a criança será avaliada conforme sua faixa etária, obedecendo o cronograma de acuidade visual dentro de uma expectativa personalizada para cada idade. É preciso entender dessa condição para poder adequar uma possível indicação de lentes corretivas, quando necessário, ou não. 

As tabelas de optotipos ou imagens devem ser personalizadas, os testes e procedimentos também. Mesmo a distância da avaliação precisa ser adequada a cada caso. A princípio, é primordial a avaliação da saúde ocular, da vias visuais, da motricidade, medidas das estruturas, desvios e possível ambliopia que estará se instalando no caso onde não for corrigida uma ametropia mais elevada ou uma anisometropia significativa. Deve ser levado em conta que qualquer disfunção pode ser corrigida e solucionada de forma mais rápida nesta fase da evolução da criança.

 
Quanto mais precoce um tratamento de ambliopia ou estrabismo, mais rápido se dará a recuperação.

A correção proposta, se houver, deve ser racional e sempre justificável. Jamais se deve indicar lentes sem a segurança de proporcionar algum benefício à criança. Sem este cuidado, pode-se causar mais transtorno do que sucesso à visão do examinado.

* O especialista deve conhecer do desenvolvimento da criança desde a gestação, período intrauterino, ocorrências gestacionais como pressão alta, alteração da glicemia da mãe e se ocorreu stress gestacional. 

* O nascimento em especial é um evento marcante que pode identificar algum tipo de sequela em consequência do tipo do parto: normal, cesariana, fórceps, tempo na incubadora, peso, etc. 

* Também a prematuridade deve ser levada em consideração e a falta de oxigenação, que é responsável por grande parte das dificuldades de aprendizagem, da linguagem e do próprio desenvolvimento. 

* A consideração sobre todas as fases do desenvolvimento, como peso ao nascer, se rastejou, etc.

* Levar em consideração que o ambiente onde é feita a avaliação é um local estranho para a criança. Por isso, a primeira proposta é conquistar a confiança dela, dispensando um tempo necessário para obter sua empatia, conseguindo um atendimento facilitado e mais agradável.

Na formação acadêmica dos profissionais, os cursos deixam a desejar nas orientações mais detalhadas à esse respeito, carecendo de um treinamento que promova uma aptidão que permita um atendimento de qualidade às criança de qualquer faixa etária, o desde nascimento. 

Desejo sucesso aso colegas que atendem crianças.

Professor Vilmario Antonio Guitel - Bacharel em Optometria
Optometrista, OD - Regional SP CROOSP 02.003

Técnico em Óptica e Lentes de Contato - SENAC SP
Neuroptometrista - Instituto Thea, Florianópolis SC
Pós Graduado Alta Optometria - Optometria Pediátrica - UNC - SC
Pós Graduado Magistério do Curso Superior - UNC - SC
Especialista em Optometria Sintônica - Inst. Thea, Florianópolis SC 
Optometrista Comportamental - Inst. Thea, Florianópolis SC

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